quinta-feira, junho 21, 2007
Canto da Cidade.


Há uma novidade nos cantos de boca do povo.
A porta está fechada, dizem eles baixinho ao pé do ouvido.
Alguns sorriem de satisfação com a surpresa repentina.
Outros sofrem com o receio de um perdão a muito tempo devido.
Casa pequena, desgraçada.
Se não a queimam, ao menos deveriam interditá-la.
Para que seus detroços não me cubram mais.
Com seu vazio.
Mas a ocasião faz a festa na cidade.
Abram os portos, dizem eles, sem muito pensar nos custos.
Sobre os céus e as nuvens, somente as marcas no mesmo corpo.
Que volta a sua terra, sem ao menos estar morto.
Alma penada, desgarrada de tudo e de todos.
Se não o procuraram antes, quando perdeu o brilho, por que estariam agora contigo, depois que a noite tomou conta do ultimo olhar perdido...
Do seu rosto.
Desfigurado.
Vai alma perdida, grita o que não quer.
Cala o que sente.
Arrebenta o que ama.
Mata o reflexo no espelho.
O que importa agora é que fechaste a porta.
Para dentro.
Da casa pequena e úmida.
Em sua pequena lembrança.
Casa pequena, desgraçada.
Se não a queimam, ao menos deveriam interditá-la.
Para que seus detroços não me cubram mais.
Com seu vazio.
Colocado por Valdemiro as 11:31 AM