sexta-feira, janeiro 13, 2006
Terceira tese sobre a superficialidade.

A Superficialidade pela indecência


Continua ainda a me perseguir.
Não você por obvio. Não é um estorvo no fim das contas, apenas um mosquito que tem um comportamento típico: Barulho e picadas, mas não resiste a um simples fechar de mãos.
Risos a sua insignificância? Vou me cansar, aliás, o que me amedronta está ainda longe de sua capacidade de entender as coisas.
Aquele que está próximo do candeeiro é o primeiro a ser iluminado, ouviu dizer não? Mas te afirmo que aquele que tem o candeeiro tão perto de si é o primeiro a se queimar no calor de sua luz.
Que sirva de consolo para você, quando formos consumidos pelo que tanto procuramos.
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Espaço e forma se delinearam no mundo.
Existiam ainda 16 demônios.
E um Em-Deus.
Tato.
Seria o primeiro sentido na criação?
A existência se fez pesada e os corpos se desfigurando como se fora líquido começam a pingar de cada quadro do espaço.
Neste momento não se fez menções ou reflexões sobre o acontecido ou o que estava ocorrendo, eles apenas se roçavam e misturavam como tintas.
Cores.
Variadas.
Um denso caldo.
Caldo espalhado por todo lugar.
De desejo?
Sem limites corporais para tocar o que não é seu.
Mas o que é seu para ser tocado?
Grande massa.
De pecado. Tocado. Inexato.
Um somente.
E por que não terminou desta forma?
E por que não continuar nesta forma?
E por que não estar sempre em disforme constante do nada e do tudo...
Todos reis, todos servos.
De onde surgiu o limite e a indecência, daqueles que conjuntamente estiverem em um só...
Gritos.
Somente eles.
Primeiro um.
Depois uma multidão furiosa sobre eles.
Vários pedaços se fizeram da massa disforme e o que sobrou dela se transformou em uma criatura pegajosa e ofegante, mas elegante e portentoso em seu devir.
Noc-Deus.
Aos seus pés 15 demônios.
Será uma contagem regressiva, ou apenas uma ilusão para que fiquemos satisfeitos com nossos parâmetros mediocres de certeza ou insanidade.
Algum dia saberei.
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O toque profundo da indecência


O corpo é o lugar do ritual.
E nele se encerra o limite do ser humano.
Apenas dele, pois outro qualquer ser existente assim não pensa.
Precisamos estar preparados para enfrentar o corpo.
Para não cair em tentação.
Para não desvairar o pecado.
Para não libertar a indecência.
Separado.
Somente junto após o ritual.
No corpo.
Corrompido.

É preciso protegê-lo para que outros não vejam. Somente a nudez é permitida. Apenas a do corpo. Tocar por dentro é proibido. É indecente.
A mente é decadente neste estado. A alma é lugar de ritual, e não pode ser tocada por quem deseja. Apenas após o cárcere e o grito. É preciso escondê-la para que não se sofra pela presença. Não é possível abraça-la. A menos que sofra o castigo pela indecência.

A alma é lugar fechado. E não se abre até que se perceba que o rito não pode ser quebrado, por mais vazio que o seja. A indecência é praga, pois o homem não pode ser senhor da entrada de sua casa.

Não deixa entrar e nem sair, pois tocar suja as mãos.
Impuro.
Incorreto.
Indecente.

Corpo e alma não podem estar juntos.
Irmãos não se tocam.
Somente depois do ritual.
Tocar é indecente, afinal nunca estivemos juntos.
É indecente.
Esse homem.
Esse corpo.
Essa alma.

Posso te tocar?
Fragmento encontrado em Sodoma após o fogo da destruição. Muitos indícios históricos apontam que o fogo foi provocado espontaneamente e todos esperaram pacientemente sua morte num grande encontro da "indecência".
O Fragmento foi perdido.
Espera-se.
Colocado por Valdemiro as 2:17 PM

2 Comentario(s)

Anonymous Anônimo coloca...

A terceira tese ficou pronta.

Fiquei satisfeito com ela, pois fala de algo bem recorrente pra mim.

Perguntei-me um dia desses se não é muita audácia chamar estes textos de teses.

Mas se quiser chegar a essência da superficialidade, tenho que considerar os detalhes como eles são: Detalhes.

17 janeiro, 2006 07:20 
Blogger Liu Lisboa coloca...

não vou mentir...só li um trecho do texto...li e lembrei disso:

"Arte de amar
(Manuel Bandeira)

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus ? ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não."

Não lerei o texto todo agora. guardarei apenas essa impressão...espero a preguiça descolar do corpo.
beijos

23 janeiro, 2006 22:31 

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